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Declarações de Cachoeira sobre o PT foram um desabafo, diz advogado

O advogado criminalista Antônio Nabor Bulhões, defensor do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, disse que as declarações dadas por seu cliente logo após deixar o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na terça-feira (11), foram uma manifestação pessoal e um desabafo. Cachoeira prometeu fazer revelações sobre a relação dele com autoridades e políticos e criticou o Partido dos Trabalhadores: "Sou o Garganta Profunda do PT".
Em entrevista ao G1, na manhã desta quarta-feira (12), Nabor Bulhões afirmou não ser o “mentor político” de Cachoeira e garantiu que não cabe a ele dizer o que o seu cliente pode ou não falar. "Não sei se ele quer falar", despistou. No entanto, o bicheiro, ao sair da prisão na noite de terça, garantiu que gostaria de falar com a imprensa: "Vou pedir ao meu advogado para me liberar para que eu fale amanhã [quarta-feira] com vocês".
Bulhões enfatizou que não estava ao lado do cliente no momento da sua liberação, mas sim outro advogado do seu escritório. Para ele, as afirmações de Cachoeira foram uma espécie de recado político de alguém que acabara de sair da cadeia aos seus “algozes políticos”. O advogado explica que, na concepção do cliente, "a CPI foi criada com o objetivo de atingir os adversários políticos do governo, mas como viram que o próprio governo poderia ser atingido, acabou se voltando contra ele e ele teria se transformado em uma espécie de bode expiatório. É como se ele dissesse para o PT ter cuidado”.
Habeas corpus
O defensor do contraventor fez questão de ressaltar que foi constituído apenas para fazer a defesa jurídica do homem que foi condenado a 39 anos e 8 meses de reclusão no processo referente à Operação Monte Carlo na sexta-feira (7) da semana passada, pelos crimes de corrupção, peculato, formação de quadrilha e violação de sigilo. “Defendo-o das acusações e recorro a habeas corpus nos casos de prisão”, observa.
Beneficiado por um habeas corpus concedido pelo desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, na tarde de terça-feira, ele acha que a justiça foi feita. “Aliviado vou ficar na hora que este processo estiver trancado. Ele realmente vai ser trancado porque as provas são todas colhidas ilegalmente”, acusou Cachoeira.
O advogado Cléber Lopes de Oliveira, do escritório responsável pela defesa de Cachoeira, informou que seu cliente recebeu a notícia de que seria solto com tranquilidade. Ele chegou ao Núcleo de Custódia por volta das 16h30 para acompanhar a soltura do contraventor. No mesmo horário, o oficial de Justiça entrou no presídio, mas Cachoeira só deixou a prisão às 18h50.
Inicialmente, ele ficou detido na sede da Polícia Federal, na capital goiana, e foi transferido, no sábado (8), para o Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia.
Presídio da Papuda
No último dia 21, Cachoeira deixou o presídio da Papuda, em Brasília, beneficiado por um alvará de soltura expedido pela 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Ele havia ficado preso por quase nove meses. Na ocasião, o bicheiro seguiu para Goiânia, onde tem residência.
O nome de Cachoeira aparece envolvido em duas operações da PF: a Monte Carlo e a Saint Michel. A Saint Michel é um desdobramento da Operação Monte Carlo, que apurou o envolvimento de agentes públicos e empresários em uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e tráfico de influência em Goiás.
Cachoeira foi preso em fevereiro devido às investigação da Monte Carlo. Já preso, foi expedido um novo mandado contra ele pela Operação Saint Michel. Em outubro, ele obteve um habeas corpus relacionado às investigações da Monte Carlo, mas continuou preso em razão do mandado expedido pela Saint Michel.
Cachoeira é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional, que investiga as relações dele com políticos e empresários. DO G1

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