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CARTA ABERTA A POPULAÇÃO CIPOENSE - NICLÉCIA GAMA

Cipó, 15 de abril de 2019

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO CIPOENSE

A todos os cidadãos cipoenses, aqui nascidos e aos que adotaram essa terra como sua.  De início pode parecer que copiei e colei de um texto texto anterior, contudo, esse é um momento ímpar, mas que reflete os descaminhos que os administradores da cidade vêm trilhando ao longo de sucessivas eleições.

Em 15 de setembro de 2015 vim a essa Casa e vos disse nessa mesma tribuna que “maioria da população não tem conhecimento de os recursos públicos são gastos e que o mais viável nesse momento seria:  vamos cortar gastos, diminuir os cargos comissionados, aqueles dos apadrinhados. Passados dois anos e meio desde então, houveram poucas alterações no que disse: a prefeitura continua com os mesmos vícios e contratando mão de obra terceirizada ou própria sem critérios ou meritocracia.

Naquele momento, em 2015, eu falava da apatia, da letargia e da conivência da maior parte dos vereadores em relação ao gestor. Senhores Edis, sei que falta de educação ir à casa dos outros e falar mal do anfitrião em seu próprio espaço. Contudo, parece que a própria base do prefeito ja se incomoda com a postura do gestor. vossas senhorias nos representam, estão aqui por um poder que lhes foi delegado pelo POVO, portanto essa é a Casa do Povo e como coproprietária, estou também remexendo minhas próprias feridas.

Espalhou-se nas redes sociais um áudio da Secretária de Educação que envergonhou os professores da rede e me envergonhou como cidadã, pois viralizou e foi parar nas mãos dos alunos em um curso de pedagogia, na capital, virando motivo de chacota no meio acadêmico. 

Muitas vezes nós cipoenses, nos calamos por medo de perder aquele emprego que nos foi prometido pois pode ser a única fonte de renda da família. Nos calamos também para não assumirmos o ônus de termos votado no candidato errado. Nos calamos por vergonha, ou porque está bom para nós do jeito que está.

Às vezes falta-nos a coragem necessária para dizermos o que pensamos, para proteger nossos pais, a nossa imagem, mas chega um momento no qual é preciso levantar nossas vozes. Não me refiro ao infeliz episódio do vídeo do Tiago Brito ou da resposta que achei pertinente dar naquele momento.
Refiro-me ao descaso no qual a cidade está submersa. A praça da Branca de Neve está com as obras paradas, esgotando Há muito, o prazo de conclusão. O mato tomou conta do canteiro central, as árvores não foram plantadas... A piscina termal, por sua vez, desarvoradamente destruída, permanece como um cadáver infecto, enfeiando a praça principal que já foi tão bonita.

O prefeito Abel Araújo em entrevista à Rádio Milênio, em fevereiro, quando lhe perguntei no ar, sobre a conclusão das obras, informou diante de toda população que estaria pronta em MAIO. Maio é quase amanhã, senhor prefeito! Onde estão os recursos da obra da para e da piscina? Quando se vai reformar uma casa, a não ser que o orçamento esteja completamente disponível, começa-se uma obra, conclui-se para depois começar outra, já que a mesma empreiteira foi contratada.
Acreditei que não poderia haver gestor pior que o Sr. Romildo Ferreira, mas hoje posso afirmar que há um tão ruim quanto ou pior, infelizmente. 

É o nepotismo escancarado, o gasto excessivo com consultorias e cooperativas, com contratos que parecem legais, mas que por trás perpassam interesses pessoais e isso não é um mal de Cipó, como vemos estampados nos jornais e nas mídias eletrônicas. A corrupção parece uma praga que assola as famílias, os cidadãos, a cidade, o país.

Vim a esta tribuna, senhores, cobrar dos senhores  um posicionamento e uma resposta ao povo cipoense. Até quando teremos o nosso patrimônio histórico e cultural sendo destruídos por administrações irresponsáveis e incompetentes? 

 Até quando nossas vozes irão ficar caladas, quando permitimos que os gastos públicos, que é dinheiro de todos nós, sejam mal aplicados?
Cipó parece uma cidade sem idosos e sem crianças. As praças e os parquinhos estão destruídos. Brinquedos quebram mas precisam ser substituídos. As crianças do município necessitam de atividades lúdicas, de brinquedos estruturados, de um espaço ao ar livre, fora do ambiente familiar onde possa vivenciar experiências únicas e próprias da infância? As escolas estão sucateadas, sem materiais. A Educação do município tem projetos lindos, que acontecem graças à competência e comprometimento de suas professoras, dos gestores e funcionários, que muitas vezes passam meses sem receber seus salários, mas que estão assujeitadas (perdendo a sua condição de sujeitos ativos e participativos) e silenciadas diante das políticas públicas para a educação no município (existem?).

Muitas vezes sinto vergonha alheia quando mencionam fatos administrativos que ocorrem aqui. Serei sempre insubordinada e rebelde, pois nunca fui e nem serei submissa aos erros e desmandos deste ou de qualquer governo que fira a minha cidadania. É assim que me sinto, ferida em meu sentimento mais íntimo de cidadã cipoense quando olho as piscinas termais, as praças, o Grande Hotel, o Teatro Genésio Sales, o Clube Balneário e vejo tudo desmoronando diante do descaso que os três poderes (federal, estadual e municipal) nos mergulhou.
Ao mesmo tempo, tenho imensa alegria de me auto afirmar como filha desta terra seca, e com a esperança que rebrota a cada chuva, de que um dia viveremos tempos melhores.

Por fim, gostaria de dizer que somos fortes, somos resilientes. Não nos deixemos abater e sermos destruídos moralmente por palavras infelizes que foram ditas a nosso respeito. Em qualquer lugar do mundo existem pessoas que fazem fofocas, que mentem, que ofendem. Nós mesmos fazemos isso em relação aos outros, mas isso não nos torna amaldiçoados, senhores. Esses sentimentos fazem parte da natureza humana e existem em maior ou menor grau, mas não se pode generalizar e ofender toda uma cidade. Toda generalização é perigosa e por causa dela grandes guerras ocorreram, provando que toda hegemonia é burra. Jamais seremos corpos dóceis à espera do que planejam para nós. Temos a rédea do nosso livre arbítrio. Somos, com orgulho, insubordinados e rebeldes. 
Respeitamos as instituições, mas também exigimos respeito. Não somos gado, massa de manobra política ou ideológica. 

Agradeço a oportunidade e finalizo esta fala com as palavras do Poeminho do Contra, de Mário Quintana “Todos esses que aí estão/ Atravancando meu caminho, / Eles passarão... Eu passarinho!

Muito obrigada.

Niclécia Gama
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