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NOTA SOBRE A VIDA DO PROFESSOR EVANDRO GÓES

Evandro de Araújo Góes nasceu em 24 de julho de 1927, quando o município de Cipó ainda não havia sido criado. Por conta desta relação ele gostava de brincar dizendo que era mais velho do que Cipó.

Filho de D. Amerina Góes, proprietária da pousada Santa Cruz e primeira mulher vereadora em Cipó, Evandro cresceu quando a cidade nascia, vivendo em um ambiente frequentado por famílias de hóspedes de origens diversas naquela casa de tijolos de adobe e telhas de olaria, mantida graças ao seu senso de preservação, apesar da falta de recursos.

Garoto inteligente e carismático fez muitos amigos desde a infância, inclusive entre os adultos. Estudou em Salvador, no Instituto Bahiano de Ensino, trabalhou como representante farmacêutico e seguiu a fazer amizades e amores, que relembrava nos álbuns de fotografias.

Antes que pudesse se dedicar a realizar o sonho de estudar medicina, retornou a Cipó para cuidar de sua mãe, que ficara doente. Desde então não deixou mais sua terra natal. Ele amava Cipó como à sua própria mãe e guardou de ambas as melhores lembranças de suas vidas, sentindo muito que sua cidade não tivesse de seu povo o cuidado e o zelo de quem a construiu.

Era um homem interessante, um gentleman. Gostava de ouvir música instrumental; de cinema; de dançar valsa, bolero e tango nas festas de Cipó - ocasiões em que não dispensava um terno elegante com sapatos de duas cores, feitos sob medida. Colecionou selos, discos, livros, aparelhos, figurinhas e até santinhos de candidatos A cargos eletivos. Foi aficionado por futebol e apaixonado pelos tricolores Esporte Clube Bahia e Fluminense Football Club. Da sua coleção constam LPs com hinos dos clubes, cheveiros e bonés com os escudos estampados.

Viveu a maior parte de sua vida na solteirice, vindo a casar-se quase aos sessenta anos com a professora Ilma, sua companheira até o final da vida.

Profissionalmente, trabalhou como secretário na prefeitura municipal; foi professor e diretor do Colégio Cipoense por mais de três décadas. Ficou reconhecido pelos ensinamentos, pela disciplina e controle impostos aos alunos, pela postura professoral, pela rigidez, mas também pelo companheirismo e apoio aos estudantes. Mesmo depois de deixar as atividades formais de ensino, nunca deixou de ser professor. Atendia a todos os que procuravam sua ajuda para realização de seus trabalhos acadêmicos.

Muitas vezes foi homenageado; recebeu inúmeras manifestações por escrito de seus amigos, ex-alunos e ex-colegas, que ele guardou com muito zelo em seu acervo; há uma escola municipal que leva o seu nome; há uma sala que lhe foi dedicada no Quartel pela Polícia Militar, numa bela homenagem que lhe foi feita em vida, em 2011. Seguirá sendo homenageado...

Este ano ele não foi ajudar a hastear a bandeira no 7 de setembro; separou a roupa, mas o corpo já não lhe deu condições. Os que o viam como personalidade indissociável desta festa, sentiram a sua falta.

No último dia 7 de outubro, aos 89 anos, o professor Evandro partiu deixando um legado valioso de amor por sua terra, que está presente em seu acervo, o qual deverá ser organizado, preservado e exposto, para que ele continue inspirando novas gerações de cipoenses em busca de uma cidade melhor.

Cipó, 9 de outubro de 2016.
Matéria: Edson Fernandes.
Postagem: Brankinho Mendes

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